sexta-feira, 27 de março de 2009

palestra "Ubuntu" por Valdina Pinto/dez 05

Tradução de humanidade


“Só existe uma raça: a do ser humano. O ser humano tem uma ancestralidade comum”, disse a makota do Terreiro Tanuri Junsara, Valdina Pinto, que foi homenageada neste VI Mercado Cultural, como um dos Mestres da Cultura Popular. Personalidade referência do candomblé no bairro da Federação, Valdina traduziu em conferência neste sábado (10/12), na UCSAL (Universidade Católica do Salvador), a temática do evento, Ubuntu: Eu sou porque você existe. Ela é a responsável pela definição do tema e fez uma reflexão sensível da humanidade em todos os sentidos, além de ressaltar o importante papel das expressões culturais no desenvolvimento do mundo. “Mesmo com toda a pluralidade existente, no fundo, tudo está amarradinho para formar um todo”, explicou. “Sou do candomblé, sou uma religiosa. Quando ganho um espaço como este aqui no Mercado, tenho que dar o meu recado”, chamou a atenção.

Valdina questionou a função humanizadora das artes e falou da necessidade de nos completarmos a partir do próximo. “Você tem sempre algo para receber do outro que possa lhe completar. É ele que, às vezes, nos permite enxergar nossas potencialidades”. Disse também que a riqueza e a pobreza são conceitos relativos, que dependem da visão de mundo de cada um. “Ter sem ser, é riqueza?”, perguntou ela para si e para as pessoas presentes no auditório. “A arte está servindo para o quê? Para ter ou para ser? Como a gente vai interagir com o outro, tendo e não sendo?”, refletiu mais uma vez.

As grandes catástrofes atuais, como um sinal de fim do mundo, foi outra questão que Valdina falou de forma desconcertante. “Precisamos de mais humanidade para viver bem e com dignidade”, alertou ela, ao final da palestra. Com os olhos cheios de lágrimas, a coordenadora de uma das unidades do Sesc no Crato (Ceará), Thailyta Feitosa, disse: “Ela me tocou muito com suas palavras porque chamou a atenção para as nossas responsabilidades ancestrais”.

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