quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Afago de Thoreau"!


... juro por meu filho que quando escrevi este texto do post anterior eu ainda nem tinha acompanhado de perto os textos contrários e todas "as demais polêmicas" quanto ao #OcupeEstelita... escrevi aqui num surto de esperança e devido a participação presencial num movimento e causa coletiva que inundou meu coração... 

mas, estou com as idéias pertubadas ao saber e ler argumentos (até de queridos q eu achava compactuar "morais afins"!) tão tristemente embasados em uma "lógica progressista do individualismo capitalista"! :/

para "afagar poeticamente" o juízo fui dar uma lida ontem em "Walden, de H.D Thoreau" e me deparei (coincidentemente ao momento?) com o seguinte trecho:

"Da caverna passamos para os tetos de folhas de palmeira, de casca e galhos, de pano estendido, de palha e capim, de tábuas e taubilhas, de pedras e telhas. No final, não sabemos o que é viver ao ar livre, a nossa vida é mais doméstica do que pensamos. Da lareira ao campo há uma grande distância. Seria bom, talvez, que passássemos mais dias e mais noites sem qualquer obstáculo entre nós e os corpos celestes, que o poeta não falasse tanto sob um teto, ou o santo não parasse ali por tanto tempo. Aves não cantam em cavernas, pombas não alimentam sua inocência em pombais."


fui dormir um pouco menos triste e alimentada de uma esperança que, infelizmente, parece deslocada deste "novo modelo de mundo"! 

(parênteses)

... pesquisando à toa imagens sobre o autor e este lago que dá título ao livro, achei esta linda obra de um artista que eu ainda nem conhecia:




 > http://www.saatchi-gallery.co.uk/artists/artpages/gerhard_Walden.htm

segunda-feira, 16 de abril de 2012

... "a arte do movimento"

#OcupaEstelita
Neste exato momento, minha ocupação devia ser a leitura, a pesquisa e a escrita dos projetos que estão pagando as minhas contas e, felizmente, alimentando parte da minha alma. Mas, não consigo me ocupar de algo que não seja pensar e navegar pela repercussão do #OcupeEstelita na internet e em mim...

Eu li a pouco um excelente (e de bastante propriedade) texto da arquiteta e querida Marília Cireno (já com quase 90 compartilhamentos no facebook!), compartilhei um vídeo do cineasta e também querido Cláudio Assis invadindo a Rio+20 e entregando uma carta do movimento ao governador Eduardo Campos, já visualizei fotos bacanas que sintetizam parte do ato em si, acabei de baixar as poucas que eu mesma tirei ao mesmo tempo em que cuidava do meu amado filhote...

Joaquim (é o nome dele) estava ontem ali no Cais Estelita "tão desavisado", só querendo esvaziar - como sempre!- a enorme carga de energia diária que ele tem e, assumidamente e literalmente, eu e o pai estávamos unindo o "útil ao agradável": 
cumprindo as nossas amorosas funções de pais e marcando presença num raro e importante momento (não só movimento!) de sociabilidade em função de algo que não fosse apenas a necessidade - cada vez mais individualizada - que todos nós temos de dialogar, espairecer e/ou extravasar em espaços públicos que, na real, são quase sempre privados. 

Botecos, bares, restaurantes, festinhas, casas de amigos... É quase uma necessidade básica, uma causa séria de sanidade mental este aspecto da interação humana. No entanto, numa cidade violenta, caótica e, por vezes, hostil como o Recife, faltam verdadeiros espaços de congregação pública, assim como um sentimento e disposição acolhedora para interagir com "o vizinho desconhecido que ainda não sabemos de que panela faz parte"!

Falo isso tudo como um preâmbulo fundamental - e quem porventura tiver disposição para ler pode estar pensando: o que tem a ver lé com cré? - nesta questão de estarmos reivindicando um outro tipo de ocupação para o Cais Estelita... nós não só estamos com medo de vermos as zonas de proteção social dilaceradas, de encararmos diante de nós  uma "Nova Dubai", de perdemos uma saudável referência urbana e cultural da cidade do Recife, mas acredito também que de continuarmos nos contaminando com a paranóia que a impessoalidade e competitividade de estruturas arquitetônicas desta "não-natureza" nos traz se camuflando num sistema capitalista que só progride é em "valores concretos"!

Aos críticos desse "encontro" tão bonito e consciente que foi o #OcupaEstelita de ontem (15.04.12), àqueles que o rotulam elitista, burguês, tardio, ou talvez ainda enfraquecido política e financeiramente (como eu confesso ainda sentir!), qual seria a sugestão?
Não ocupar? "Não se ocupar? Não se movimentar e não aproveitar a ocasião para se "desarmar" e se sensibilizar com a singularidade de encontrar amigos, queridos, conhecidos e/ou desconhecidos que compactuam da mesma indignação social, política e econômica que você? 

Mesmo que tenhamos boas câmeras, iphones e camisas Henrig's para aplicar o estencil com "a arte do movimento", que mal existe nisso gente?! Uma coisa não nega a outra! Confesso que também tenho desejos de consumo, mas eles não me fazem perder a essência de uma das coisas que mais desejo na vida: um mundo com mais amor, menos concreto e "sinceros encontros de toda a natureza em espaços públicos mesmo que não mais tão verdes"!

Que o meu filho Joaquim possa se orgulhar daqui a uns anos de ter feito pic nic e umas pinturinhas num Cais Estelita que - com fé também em Deus (à quem também recorro quando tenho enfrentamentos com "forcas poderosas e ocultas!") - vai estar "ainda mais humanamente ocupado"!



(parênteses)

>link do texto de Marília Cireno
http://www.facebook.com/notes/atelier-seis/ocupa-ou-desocupa-o-%C3%BAltimo-suspiro-do-cais-jos%C3%A9-estelita/293229907418622

>link do vídeo de Craudão
http://youtu.be/QltfsKEnICg

>link do flickr do grupo Direitos Urbanos http://www.flickr.com/photos/direitosurbanos/sets/72157629462741968/  

>link de um vídeo do Vurto
 http://vimeo.com/40442387

>link de outro texto que achei bacana
http://www.horoscopo.blogspot.com.br/2012/04/naoescrevasemsaber.html

"... meditando nas causas, não só nos efeitos!"