sábado, 28 de março de 2009

Fashion hour III - bazar liquidação/set 07




POST de 10.09.07












O
fashion hour realiza em sua terceira edição um bazar-liquidação das marcas Alinhada (ex-espelho meu), Baltazax e da estilista Andréa Tom em um charmoso casarão de Olinda.

Ao invés do lançamento de novas coleções, a idéia é proporcionar um ponto de encontro que estimule

Folder Bazar Branco

o olhar de moda e facilite o consumo de itens com personalidade e quantidade limitada. É um “fashion hour” em pleno domingão ao som de Lala K, Ernesto (Trio Pouca Chinfra e a Cozinha) e quem sabe (…) uma jam session encabeçada por Gilsinho (Orquestra Contemporânea de Olinda)!

p-s O fashion hour pretende fomentar vitrines paralelas ao circuito oficial de moda através de eventos inusitados como este. Portanto, contamos com sua presença como incentivo para outros!

e haja fôlego!/ago 07

POST de 26.08.07

…1 mês sem escrever! Além do habitual caos que me indisciplina e paira sobre minha não-rotina, a ausência aqui se deve à inúmeros contratempos que começou com o “surto no ateliê”… Um dia depois fomos eu, Guto, Marceliita (a modelete) assaltados na frente da casa de Cris Babado quando estávamos à caminho de uma prova de roupa da segunda coleção aqui em casa. A abordagem deste foi a mão armada e trouxe uma descarga negativa de adrenalina muito mais punk do que o primeiro assalto que sofri mês passado. Sorte, mais uma vez, que não houve nenhuma agressão, mas este tipo de situação já é uma violência! A sensação de vulnerabilidade é tão grande e você fica se perguntando até quando vai ficar dando graças a Deus por “pelo menos” não ter levado um tiro!

Logo depois do acontecido tive que ir nas pressas pro Recife dar continuidade a produção da segunda coleção. Ótima troca de ateliê e uma maravilha voltar a bater bola com a piloteira e costureira Dona Marluce, mas foi irônico ter que “desencantar” de João Pessoa- minha principal base de trabalho… Ainda tive, no meio disso tudo, situações amorosas- obviamente, também fora de JP,que sugaram bastante minha energia e concentração. Como manter o equilíbrio necessário para o ganha pão quando ele está intricado na sua vida pessoal?! Me agarrei nesta sabia frase de Clarice Lispector- “não se preocupe em entender as coisas da vida, pois viver ultrapassa qualquer forma de entendimento”- e estou fazendo meus esforços internos para não me paralisar em questionamentos!

Tenho que resolver, ter fé e acreditar que este modesto trabalho vai gerar frutos e que algum desses frutos enraizem algo mais seguro dentro de tantas incertezas- como, por exemplo, “ficar parindo”coleções de moda de forma independente. Bem, tenho que remar a favor da maré e ficar atenta para as suas viradas… só não quero me afogar no caminho Meu Deus!

Tome 1 e leve 2!/julh 07

POST de 24.07.07

A vida está sempre pregando umas surpresinhas-promocionais na gente… Sabe aquelas tome 1 e leve 2, mas não necessariamente a segunda é um clone da primeira?! Deixa eu explicar:

Domingo à noite tomei uma injeção de ânimo com a vinda de Guto DiBessa e Cris Babado para minha casa. Minha querida amiga Sarah já estava aqui. Fui arrumando a pilha de revistas de moda que estavam fora de ordem no meu quarto enquanto íamos redescobrindo algumas fotos e looks, assim como dando risadas de outras coisas absurdas, principalmente das revisas dos anos 80! Mostrei algumas peças prontas da nova coleção e nenhum dos 3 conseguiu enxergar o tema que eu estava propondo. Resultado: o encontro virou um brainstorm para criar um novo conceito para as roupas e para as fotos que vamos produzir em parceria (tirando Sarah que é historiadora e se mandou antes de ter que queimar demais o juízo pra ajudar). Foi muito bom conseguir trabalhar de maneira tão espontânea num domingão-até porque quase sempre estão todos ressakados no fim de semana!

Ontem de manhã fui com todo o gás para o ateliê- que trabalho em parceria- avisar a data das fotos e é claro fazer o meu trabalho rotineiro de revisão dos acabamentos e das modelagens, mas a surpresa foi outra… Zigzagzigazg, meu Deus, quando uma pessoa quer ela puxa uma linha solta para descosturar o todo! Quero dizer que a dona e modelista desse ateliê- que era o único que eu estava contando para terminar essa coleção-surtou e desfez de maneira grosseira a nossa parceria. Tem hora que o surto dos outros é a segunda leva na sua supresa- promocional! Fiquei passada, mas prefiro sempre acreditar nos sinais… Hora de mudar, talvez tudo mesmo!

(Parênteses) Acho que vou ter que recorrer a um ateliê de Recife que trabalhou com a espelho meu ano passado. Adoro lá, mas vai ser punk o custo adicional de gasolina, meu desgaste e do carro… Bem, pelo menos existe essa janela, né?!

Nem sempre um assalto é uma roubada, mas… se liga!/julh 07

POST de 07.07.07

Eu e um amigo de SP-Leo Brant- fomos roubados de bobeira na madrugada desta última quarta por uns moleques doidões. Além da minha bolsa carteira incrível com tiras de acrílico bege - que comprei em um brechó do Rio nesta última viagem-, foi junto meu celular (com muitos números que ainda não tinha tomado nota), minha carteira de motorista, documento do carro e R$ 50,00. Sorte que não foi nada violento. Na verdade, acho que só nos abordaram porque estávamos bêbados dando sopa às 2hs da manhã em uma rua escura! Puxa, o jantar no Sagarana tinha sido tão bacana, o vinho desceu tão redondo e a contemplação da praia estava tão serena… o Universo bem que poderia ter permitido que a noite terminasse perfeita!

Qual a relevância em relatar isso aqui no blog da Alinhada? Nem eu mesma sei! Mas, segundo meu amigo Zonda, eu devo tentar enxergar esse assalto como sinalizador de “algum desalinhamento”… Concordo, mas divagar a fundo sobre essa questão aqui seria por demais pessoal!

No entanto, como a Alinhada ainda é uma “euquipe” e está profundamente ligada a todo o meu universo interno e externo, acontecimentos como este afetam em cheio a minha produtividade. Ou seja, se eu for por essa lógica de que vale a pena o relato é porque percebo o quanto minha vida “off business” pode afetar o meu tempo, humor e, naturalmente, o equilíbrio necessário para continuar determinada nesse projeto da marca…

Mas bem, acho que posso confessar que nem sempre um assalto é propriamente uma roubada! Tirando o transtorno do BO e as segundas vias dos documentos, esse fato também terminou rendendo momentos positivos (shiiii) e algumas reflexões necessárias- como por exemplo, preciso “me ligar” mais na boemia, ou seria me ligar menos?!

Pela honra de Greyskull… quem eu sou?/julh 07

POST de 01.07.07

Assisti Barbarella (1968) de ontem para hoje no “Reino de Darxan” (apelido do apt de um casal de amigas aqui de JP que é perto da praia e super frequentado pela turma nos finais de semana) e estou encantada! O mais legal ainda, é ter visto nesse momento no qual as tendências de moda me parecem estar bem em sintonia com o futurismo retrô e a pitada kitsch (um tanto quanto 80`Barbarella de colar verdes) do filme.

Ahh! Como eu queria ter a força de Barbarella, que para cumprir a missão que lhe foi proposta se mete em várias situações extremas, consegue se safar por conta da sua determinação, pureza e beleza e ainda encontra tempo para vestir figurinos incríveis entre um sexo e outro! ;)

Me inspirei muito não só na plasticidade e na trilha sonora incríveis do filme. Mas, essa heroína dos quadrinhos de Jean Claude Forest traz características que, de certa forma, tento inserir no meu way of life.

(Parênteses) Domingão melancólico para mim aqui em Jampa… primeiro dia desse mês desafiador que será Julho… saem alguns rabiscos da próxima coleção “Meninas de Iansã”! Espero que “eu tenha a força” igual a He-Man e She-Ha-aliás, será que ela é inspirada em Barbarella? Me perguntei isso durante o filme, pois no final das contas tudo é uma intertextualidade, né?

Excesso de bagagem!/jun 07

POST de 28.07.07

Cheguei hoje de madrugada de SP exausta depois de pagar R$ 257,00 por um excesso de bagagem (foram os tecidos que garimpei!) e esperar 2 horas dentro do avião no RJ para a autorização de decolagem!

Queria ter escrito um texto ainda de lá na terça passada, quando fui pelo segundo dia à SPFW… o título seria Quero ser brega! Talvez não funcione tanto agora elocubrar sobre o que senti nesse dia para pensar em fazer tal afirmação contraditória, pois não terei mais o calor e os insights explicativos do momento.

Mas, vale lembrar que fiquei atordoada com tantas pessoas impecavelmente estilosas e “cools” (para não dizer c…). Engraçado que quando estou aqui em João Pessoa- isolada do resto desse eixo aonde “as coisas de fato acontecem” (bem, também depende do ponto de vista que se analisa, né?) sinto falta de ver mais gente charmosa ousando no estilo. Os poucos amigos e conhecidos com bom gosto e personalidade pra se vestir têm logo destaque e aí faz falta não ter mais tantos outros ou anônimos para admirar.

No entanto, o velho ditado popular “tudo em excesso é veneno” se comprovou na SPFW. Porque- geeeente- não dá pra ficar num microcosmo onde quase todo mundo tem a pretensão visual de chamar atenção! Acho que essa busca coletiva e evidente pelo bem vestir banaliza o charme do inusitado. Ou seja, uma vez que boa parte das pessoas que estão nas fashion weeks gostam ou entendem de moda, talvez fosse mais interessante esbarrar com alguém na contramão disso ou sem “excesso de bagagem”… alguém supostamente brega, mas com um brilho espontâneo, sabe?

SPFW-no olho do furacão!/jun 07

POST de 19.07.07

Peguei uma van na esquina da Consolação com a Oscar Freire por indicação de minha amiga Larissa Uchôa-designer de acessórios incríveis-que está expondo na Fashion House. Sabe aquela tensãozinha que na verdade é uma curiosidade atravessada de algumas certezas?! Pois bem, foi um pouco o que senti no caminho pra SPFW

Já na entrada do Ibirapuera vejo mais de quatro pessoas seguidas falando “seriamente” ao celular. Ou seja, ninguém pode parecer estar de bobeira para entrar nesse evento! Bem, eu pelo menos estava indo visitar Lala com minha humilde credencial que não dava acesso a nenhum desfile (he he he) e tinha feito contato com Candice-uma querida da Paraíba que está trabalhando no marketing do babado… até que eu não estava tão vulnerável assim no microcosmo das aparências e poses, né? ; ) Foi ótimo entrar no evento por essa parte dos business, porque te lembra logo que, no final das contas, tudo nessa vida é uma questão de sobrevivência!

Sem energia mental para conferir os produtos e me inspirar, fui atrás de papo… Liguei pra Candice sem maiores expectativas de contatos. Pois queria, antes de tudo, reencontrá-la e talvez ver algum desfile. Mas, o seu carinho sincero e a disposição em me conectar com “o meio” terminou sendo um sopro de leveza no meio de todo aquele burburinho sem espontaneidade. Por favor, sem ofensas, a produção e a proposta do SPFW são dignas e incríveis (inclusive adoraria estar lá à trabalho), mas falo aqui de sensações subjetivas!

Só vi Miguel Vieira e Vide Bula, mas acima de tudo fui graciosamente ciceroneada no “olho do furacão oficial” da moda brasileira. Sempre bom ver pra crer!


Hoje eu tô meio desalinhada!/jun 07

POST de 07.06.07

Caramba, a Alinhada está tomando cargas de inspiração da boemia… Ontem fiz uma farra mostruosa ao invés de ter me esforçado mais para conseguir ver algum desfile no Fashion Rio! Fui na Drinkeria Maldita com Karlinha e depois no Galeria Café (Gente, eu fui chamada de “piranha escrota”e até agora não sei ao certo porque, he he ! Detalhe que o lugar é super gay!) com minha amiga baiana Tina e suas amigas. Tô passando mal até agora, botei tudo pra fora do meu ser (tomara que mais tarde bote as boas idéias!), não consigo dormir e por isso vim aqui tentar expurgar um pouco mais da loucura etílica…

Fomos lá no Fashion Rio antes da cachaça, foi bacana dar uma olhada nas coleções expostas no Fashion Business. Eu adoro a moda no seu sentido estético de produto e de representação da gramática pessoal de alguém e não no seu aspecto pretensamente glamouroso. E, infelizmente, o que termina se sobressaindo eventos de moda é esta característica.

Claro que-além dos desfiles-é muito estimulante ver o povo estiloso e bem vestido, mas termina não sendo tão inspirador e divertido, uma vez que boa parte dos fashionistas ou das pessoas que “amam a moda” se levam a sério demais! Na verdade, a arte de uma maneira geral e a troca com pessoas interessantes, sem dúvida, é o que mais me atrae na vida e não vitrine de loja ou de gente-como é o caso dessas fashion weeks! Mas, não posso ignorar que esses eventos articulam o mercado formal da moda e ontem fiquei um pouco deprê me perguntando se eu vou conseguir edificar e sustentar a Alinhada estando out desse circuito…

Bem, por enquanto sigo feliz me inspirando e produzindo pelas beiradas. O que gera angustia é o desafio de firmar as vendas e gerar o capital de giro para dar continuidade a marca lá em João Pessoa-que é tão longe aqui do eixo, mas tão fundamental na poesia da minha vida e, naturalmente, da Alinhada…

semana, Recife, lojas, Rio… construções a passo de formiga!/jun 07

POST de 05.06.07

Tive que ir este último final de semana em Recife fazer o balanço do mês na Bendito Fruto e na Avesso… é engraçado como um produto pode fluir de maneira tão diferenciada mesmo estando dentro da mesma cidade! Pois, enquanto na BenditoFruto tive um sucesso de vendas que foi animador, esse primeiro contato com a Avesso me deixou um pouco frustrada. Além de divulgação, público consumidor e outros fatores evidentes, vai lá saber descrever quais são os aspectos subjetivos que determinam o nosso sucesso em um determinado microcosmo… Enfim, o que importa é que no final das contas foi positivo este começo da Alinhada no Recife.

Confesso que é inevitável fazer o costumeiro circuito da boemia por lá, ainda mais quando se marca uma reunião de trabalho no Bar Central depois de um dia inteiro de balanço nas lojas! Fui lá conversar com Mari Valença e Neco sobre uma provável e “surreal” aparição e figurino que vou fazer em um curta inspirado em quadrinhos. O nome do roteiro é “Laika”-talvez depois eu poste alguma informação dele aqui. Mas, queria só comentar que terminamos no Garagem… preciso explicar como fiquei destruída para os que já conhecem o lugar?!!!(he he) Depois no sábado aniversário de Justino e Aninha e Jarmeson no Capitão Lima e aí já viu o ritmo da produtividade como caiu no domingão. Tinha passado a semana correndo igual uma louca para deixar minha vida pessoal e da Alinhada em ordem para poder viajar tranquila, mas ainda estou em dúvidas se consegui!

Enfim, esse nariz de cera todo é também para comunicar que acabo de chegar ao Rio de Janeiro.Tô aqui ainda pilhada do dia de ontem e do virotão dessa viagem madrugueira… tava tão cansada que quase perdi o avião… fui acordada por alguém! Bom, cheguei e pelo menos tudo correu bem do aeroporto até agora na casa de minha amiga do coração Karlinha (humm, nem tudo tão bem assim, pois no meio do caminho pensei num casaco e numa bota que eu deveria ter trazido pra esse friozinho de 14 graus!). Enquanto a pequena não chega, vou aqui finalizando estas linhas para mais tarde dar continuidade a este desafio que é “construir” a Alinhada…

(Parênteses)

Será que o Rio vai me acolher ou vai só me embriagar?

Agora, falando de coisas sérias de moda ...

-Será que consigo ainda hoje pelo uns momentinhos de descanso e inspiração aqui no Fashion Rio? Se não, nada mais naturalmente estimulante que a rua e os amigos…

Talento em ponto de bala…só falta começar!/jun 07



POST de 02.06.07

<< Queria eu saber fazer um croqui lindo igual a esse da minha amada amiga Karol Farias.

LookEsse look faz parte da coleção Bossa Nova com a qual ela concorreu aos Novos Talentos do Barra Fashion em 2006… O projeto ficou em segundo lugar, mas só porque ela ainda não tinha roupa no mercado, não abriram o espaço pra ela! >>


obs: Acredito muito no talento de Karol. Não vejo a hora dela se lançar!

Desventuras de uma “euquipe”/Alinhada já à venda em 3 lojas!/maio 07

POST de 04.05.07

Algum de vocês já formou uma “euquipe”? Pois a Alinhada está sendo estruturada por uma desse tipo! Obviamente, consegui parceiros incríveis como as meninas do Estúdio Quimera lá de Salvador para desenvolver a minha marca e programação visual, a produtora Drica Soares e o fotógrafo Nazareno-ambos aqui de joão Pessoa- para fazerem o ensaio de fotos junto comigo. Mas, parceria não é contrato e estar sozinha desde a criação até a distribuição das minhas peças, ser meu office boy, contadora e minha jornalista faz com que todas as idéias demorem muito mais tempo para serem colocadas em prática!

Acordei hoje com vontade de fazer esse desabafo aqui no Blog, primeiro porque há quase dois meses não encontro tempo nem concentração para escrever nele e o processo de configuração do site da Alinhada está sendo confuso. Peço desculpas à alguém que porventura tenha navegado aqui esperando encontrar tudo em dia, mas existe um “time” maior entre as idéias e a concretização dos objetivos de profissionais independentes e auto didatas como eu!

Tenho muitas fotinhas de meus rabiscos e algumas de produção nas costureiras, tenho tanta coisa que queria contar sobre o desenvolvimento da primeira coleção da Alinhada até este último final de semana que estive em Recife fazendo contato com lojas- e também nas farras do Cine PE, porque ninguém é de ferro!-, mas talvez fique fora de contexto postar esses assuntos agora…

Pelo menos deixo uma linha agora de caráter informativo:

-A Alinhada está à venda no Recife na Bendito Fruto (Shopping Paço Alfândega) e na Avesso (Av.Rui Barbosa) aqui em João Pessoa só vou trabalhar com a Mary Pi (Av. Edson Ramalho)-loja do meu querido e lindo amigo Alexandre Nepomuceno.

OBS: Gostaria muito de deixar peças em Salvador na Maria Vestida e na Deusa Crioula, mas esgotei a primeira tiragem dessa produção. Por enquanto só posso atender a pedidos com os tecidos em estoque, mas já não tenho mais alguns padrões xadrezes.

Perseguindo a inspiração no meio da lucidez necessária…/ maio 07

POST de 19.05.07

Hoje é dia 19 de Maio de 2007. Caramba! Desde o final de Fevereiro que me articulo com a programadora e design Evellin e as meninas do Estúdio Quimera lá de Salvador para esse site sair, mas acredito que só lá pro dia 23 ou 24 deste mês ele estará no ar… O tempo e a distância têm um poder incrível de ir “desfocando” as coisas, né? Fora isso, ainda existe o desafio e o desgaste de se aventurar em projetos como este da Alinhada sem um capital de giro… A sensação constante é a de que estou prestes a ter um filho, tamanha a ansiedade por toda esta estruturação inicial da marca!

Neste momento estou prostrada em frente ao computador enviando fotos pra Evellin com outros tantos afazeres que me aguardam- olhar uma pilha de revistas antigas que ganhei de uma costureira querida e começar a fazer o trabalho seminal de uma marca: CRIAR, por exemplo! Mas, não tenho ainda uma ajudante que faça os trabalhos “burocráticos” por mim… parece que vou perder mais um dia de inspiração, porque as danadas das fotos são pesadas e a net aqui de casa é lenta!

Parênteses: O Festival CinePort que rolou aqui em Jampa de 4 a 13 de Maio foi cruel com os profissionais autônomos… Muita cachaça e pouca concentração. Mais de uma semana de carnaval fora de época! No entanto, fiquei pensando no que João Rodrigo-amigo de Salvador-me disse numa mesa de bar no Kioske Tororó:

-Ás vezes a gente tem uns insights de inspiração na boemia, que demora meses para ter na rotina comedida!

Lindas pedras… bons tempos em Itacaré!/mar 07

POST de 14.03.07

“Sou do tempo das pedras!”, foi assim que a designer de jóias Rita Ramos me respondeu quando pedi seu e-mail. Ela ainda não se rendeu a Internet, mas pelo menos instalou sua loja e atelier em um pedacinho de paraíso muito bem visitado e, de certa forma, mais cosmopolita que algumas capitais do nordeste! Estou falando de Itacaré, no sul da Bahia.

Além da beleza das praias cercadas de Mata Atlântica-tipo pequenas enseadas-, o lugar foi eleito como uma das surf city do país. Não à toa, existem inúmeras lojas de surf wear pela cidade. Mas eu-apesar de descer em algumas ondinhas na Praia da Engenhoca, ideal para as meninas que querem aprender a surfar-,não me identifico muito com os artigos deste tipo de moda. Nenhuma das tantas lojinhas me chamou especial atenção como a de “fine art afro” D´Áfrique, da Rita que falei no começo. Lá você encontra lindos colares e acessórios com pedras africanas pintadas a mão misturadas a murano. As peças geralmente são únicas, por causa da singularidade de cada pedra usada. É um trabalho sensível e forte desenvolvido pela designer que, antes de abrir o espaço, trabalhou muitos anos em joalherias. Se você não gostar muito de cores, talvez não se encante para o uso pessoal. Mas, se estiver por Itacaré e gostar de moda, com certeza vale a pena reconhecer o diferencial deste trabalho. Além disso, a loja vende lindas bolsas e acessórios da baiana Irá Sales e de algumas comunidades litorâneas.

OBS: Não há foto com close de alguma peça por um pedido da Rita.

SERVIÇO:
rua pedro longo, 360 loja 4 pituba

45530-000 itacaré bahia

Tel.: (73) 3251-3008


Primeiros rabiscos da coleção Viva São João!/mar 07





POST de 7.03.07







Sempre fui apaixonada por moda, mas quando adolescente eu tinha o preconceito bobo de achar que ficaria intelectualmente limitada se transformasse esse sentimento em formação acadêmica. Então, optei pela área de comunicação social. Mas, depois de trabalhar com produção cultural, videojornalismo e publicidade-entre outros "derivados", a maturidade me permitiu começar uma dedicação também à moda… Foram dois anos de experimentação junto a uma sócia na marca espelho meu- que nasceu lá no Recife. Continuo seguindo de maneira bem intuitiva e ainda sem nenhum curso técnico de moda no currículo, mas os “rabiscos” e as boas idéias estão fluindo cada vez mais afinados! Ou seria, Alinhados?!

A Vida é um Milagre.../junho 05

POST de 25.06.05

Que filme lindo do Emir Kusturica! Esse diretor tem a genialidade de transformar uma história, aparentemente banal, em um universo atraente de poesia non sense sobre os tipos humanos... São personagens intensos e extravagantes, "meio italianados", ou seriam "meio fellinianos"? A verdade é que adoro ver na tela histórias incontidas, que extravasam energia e sensibilidade... Definitivamente, ele está passando a ser um dos meus diretores favoritos. E a importância da música original na obra dele é um diferencial encantador!

Uniformizando o amorfo/ maio 05

POST de 19.05.05

A farda enfadada
A faringe enfarada
A frase refeita
O fulano desmestificado
O futuro refigurado
O fanático infeliz
A felicidade efêmera
Do fôsso ao refugiado
nas falésias esfareladas
O fio de fé quer findar...

Mais uma da maravilhosa La Sarita Luna!!!

PENSO, LOGO NÃO EXISTO/ abril 05


POST de 13.04.05

Poesia de Sarah Luna, minha amiga-irmã "perfeita" !!! Bem a ver com o meu momento... E parece que com o dela também.

Se o que me cerca é consciência
ou a minha consciência me cerca.
Nada é como conheço
e tudo não é como percebo!

Não chego a ser um ínfimo átomo
porém, necessito de vários
para projetar minha própria sombra.

Como zomba de nós o superego
enquanto se sonha...

Ao romper da aurora
adquiro novas inquietações.
Nem sei quem sou, nem pra onde vou,
apenas tenho que ir...

Se pensar demais assim,
vou esquecer-me de existir!

sexta-feira, 27 de março de 2009

"Menina de Ouro" e outras considerações.../fev 05

POST de 29.02.05

Acho que me sinto mais tranqüila hoje. Mas também, se eu não estivesse protegida das minhas próprias angústias, depois de quase duas semanas e meia de reflexões ininterruptas, acho que teria um colapso nervoso. A visita de minha cunhada Luciana ajudou a desopilar um pouco dos assuntos que dizem respeito a mim em Recife. E, mesmo tendo feito o típico cicerone “turistão” para ela e o marido Mario, os papos giraram em torno de tópicos curiosos e divertidos.

Ter visto Menina de Ouro por esses dias de tormenta foi muito bom para mim...
Cinema clássico de Hollywood, mas com direção e atuação sólida de Clint Eastwood. Não há como não se emocionar! Tudo bem, alguém pode contestar e dizer que a proposta do filme é, intencionalmente, a de fazer chorar e desmerecê-lo do posto de obra prima por ter tal intuito comum a grande parte dos blockbusters americanos. Mas, as mesmas intenções em indivíduos diferentes não resulta em iguais atitudes. E isso acontece com os diretores de cinema: a maioria tenta, mas poucos conseguem imprimir uma marca autoral nas suas películas. Eastwood, para mim, realizou um filme de roteiro triste e fórmula cansada sim-há alguns personagens caricatos e cenas clichês- mas é uma obra onde a emoção do espectador não é arrancada com didatismo e sim com cenas reflexivas sobre a solidão humana e imagens de luta plásticamente incríveis (lembrei de "Touro Indomável", guardando as devidas proporções, é claro!).

Saí do cinema pensando em tudo de triste e confuso que senti sobre a minha existência nas últimas semanas e me perguntei se, de fato, não vale a pena ser um pouquinho mais parecida com a Maggie-personagem principal do filme. Ela assume a condição solitária dela no mundo e canaliza toda a sua miséria eminente em entusiasmo e dedicação por uma única coisa que acredita: o boxe! Mais admirável ainda na sua personalidade foi insistir em se aproximar de um velho treinador duro e rabugento-aparentemente, sem muito pra oferecer além dos seus conhecimentos técnicos-e ter cativado (a duras penas) não só um parceiro eficiente para o trabalho, mas um amigo de verdade na vida!

Isso ficou na minha cabeça, sabe! Essa coisa da gente (é até inconsciente) só querer se aproximar de quem é simpático, bem sucedido e feliz não é sinônimo de felicidade na relação com aquela pessoa. Fiquei pensando muito na importância que existe em não fazermos julgamentos precipitados ou influenciados por terceiros em relação a alguém que, no final das contas, pode ser um amigo muito mais potencial do que quem está ao nosso lado. O que quero dizer a mim mesma, aliás, o que quero me educar é de estar sempre protegida e desconfiada em relação às pessoas, mas não deixar de ter o coração aberto aos “rotulados” e “julgados” - coisa que acontece muito aqui em Recife! E também não desperdiçar tanta preocupação quando me encontrar em situação parecida, porque a nossa verdadeira essência sempre vem à tona e eu confio na nobreza da minha! Tudo é questão de tempo e de não deixar as suas expectativas te atropelarem! Chega de estar tão paranóica com a minha aceitação nesta cidade, a única coisa que devo ao próximo é educação e respeito. A mim, mais do nunca, devo paz de espírito e felicidade, e acho que a concentração nos meus objetivos e dedicação as pessoas que amo pode me ajudar bastante a conseguir isso...

JANTAR NA MINHA CASA.../fev 05

POST de 25.02.05

É sempre difícil para mim estar atualizando o blog a tempo dos acontecimentos... Como não ter citado aqui ainda o jantar que rolou na minha casa no sábado passado(26/02). Foi uma pseudo repetição do que aconteceu na casa de Beth, mas dessa vez foi uma idéia de minha amiga Camila Ferza e do namorado dela Leo Barbosa para comemorar a visita de Karlinha, recém chegada de Paris.

Leo é um dos idealizadores da revista gastronômica Engenho. Ele havia dado um coquetel de lançamento do site da mesma e aí sobraram inúmeras garrafas de um vinho frutado, delicioso chamado Callia. Se não me engano, é uma lançamento argentino ou chileno. Bom, o que importa mais ainda foi a chapação sensacional que ele provocou em todos que estiveram de passagem pelo meu apt...

Eu comecei a dar uma de dj e, ao mesmo tempo, revisar o meu pequeno acervo musical. Beth, Camila, Anastácia e Mariela tomaram a sala do meu apt como pista de dança e ficaram numa malemolência super gostosinha...

Menu: rúcula e diversos tipos de alface, molho de iogurte, palmito e salmão ao alho e oléo. Prato leve e refrescante, próprio para o calor que está fazendo nessa cidade! Foi um "happening" muito divertido e preencheu aquele vácuo pós-carnaval que dá em pessoas como eu...

Ahhh... o site é www.revistaengenho.com.br

Mais um jantar na casa de Beth... Viva Junio Barreto!/fev 05

POST dia 21/02/05

A Beth da Matta, artista plástica, é sem dúvidas nenhuma uma das amigas mais finas que tive até hoje... É uma anfitriã nata! Se um almoço comercial que eu faça lá pela sua casa já é sempre regado ao bom gosto gastronômico e estético, imagine as farras programadas que ela faz! Essas notas aqui estão sendo escritas com um certo atraso, porque na verdade eu queria comentar o jantar que ela fez quarta-feira passada, dia 16/02...

O mote dessa reunião foi Junio Barreto! Alguém tem alguma dúvida que esse cara vai estourar como compositor e cantor nos próximos tempos? Eu não! O disco dele, que leva o nome homônimo, foi uma das coisas mais criativas e encantadoras que escutei no ano de 2004. Poesia urbana impregnada das memórias e linguajar caruaruense! Juninho é bom demais! Sou fã! E depois que se conhece a figura, o seu jeito cavalheiro e doce, é paixão na certa! (risos)

Pois bem, tem uns argentinos que moram na França, Mariela e Alejandro, que estão aí pela cidade colhendo informações para um documentário sobre a música aqui de Pernambuco e a Beth bolou esse jantar para que o Junio pudesse ser melhor entrevistado... Siri Espiritual, massa com ostra, bons vinhos, cerveja e muita roska, quer melhor maneira de falar sobre música?!!!


De volta à João Pessoa...Show da Star 61!/fev 05

POST de 16.02.05

Há tempos não curtia uma noite de novidades em João Pessoa como esse sábado passado, dia 12/01/05... Um novo
Parahyba Café foi aberto na Av. Epitácio Pessoa e mesmo com uma estrutura bem menor do que o que se localizava no Centro Antigo, o lugarzinho (com ar condicionado e capacidade para umas 150 pessoas) promete dar uma pequena agitada nas noites de Jampa! Esta foi a vez da Star 61-banda rock, meio glam, meio indie, do meu amigo guitarrista Túlio Pónei- fazer um showzinho pra lá de divertido!

A casa estava lotada ouvindo a discotecagem de Oddi quando o vocalista da mesma chega ao palco de macacão prateado com plumas coloridas na gola. Pode soar forçada uma atitude dessas para quem não conhece João Pessoa, mas espontaneidade, falta de pretensão e absurdo são marcas registradas da maioria das coisas que acontecem(com muita dificuldade) na cidade. O som era precário e mal se escutava o vocal da figura exótica que se chama Flaviano, mas a vontade da galera de mostrar a música- que não é nenhuma mistureba ou grande novidade de manifesto musical- era tão sincera que deu para sentir que a parada é bacana. Para os fãs desse tipo de rock and roll eu recomendo!


Escrevo mais abaixo site da galera, mas antes não podia deixar de comentar a discotecagem bacana de Carlos Dowling com os novos Asian Dub, Fat Boy Slim, e funk´s pancadão que me deixaram com aquela dor de viado(ou facão)!!!


www.star61.cjb.net

música-Maciel Salu/dez 05

Maciel Salu_ A pisada é, honestamente, assim!

“Toco tudo na minha ‘bequinha’! É ela quem me dá inspiração. Até quando estou estressado, pego minha rabeca e sae uma música nova. É minha vida, sem isso eu não vivo!”. Foi com esta declaração ao seu instrumento de trabalho que Maciel Salu resumiu o seu amor, dedicação e carinho pela música que faz. Maciel é filho do Mestre Salustiano, homem sinônimo de cultura popular em Pernambuco, rabequeiro famoso e dono da Casa da Rabeca, entre outras representações.

Num evento que foi marcado pelas homenagens aos mestres da cultura popular e pelo reconhecimento do tipo de sabedoria que eles nos trazem, nada mais expressivo do que o show de um descendente autêntico deste legado.Foi na noite de encerramento do VI Mercado Cultural, no Teatro Castro Alves, que Maciel apresentou em Salvador pela primeira vez o seu trabalho autoral, Maciel Salu e o Terno de Terreiro, fruto do seu primeiro discoA pisada é assim”.

A fala, o jeito, o que diz Maciel sempre ressalta a importância que os mestres e as expressões populares tiveram em sua vida. “Meus mestres são meus professores. Minha história também vem da tradição de minha família, da tradição da rabeca, do Maracatu, do Mamulengo, Cavalo Marinho, da Ciranda, do Coco”. Mas, ele diz que também escuta “um pouquinho de cada coisa” e cita influências musicais contemporâneas como Nação Zumbi, Fela Kuti e até batidas eletrônicas como as do DJ Dolores-com quem já tocou no projeto Orquestra Santa Massa em outra edição do Mercado.

O trabalho de Maciel Salu é a própria confirmação do tema deste VI Mercado Cultural: Ubuntu-Eu sou porque você existe. Ele faz questão de dizer que sua música acontece por causa de toda uma cena cultural existente em Pernambuco. “A minha vida é a celebração de mostrar o meu cotidiano na minha música, o que eu gosto de fazer, o que eu aprendo com os meus mestres e com as coisas atuais. Eu não pesquiso pra fazer este trabalho, existe uma identidade própria entre Maciel Salu e a banda o Terno de Terreiro”, explica.

Indagado sobre o título deste primeiro disco, “A pisada é assim”, ele não titubeia em responder: “Porque eu vinha de um trabalho como a banda Chão e Chinelo, Dj Dolores e agora a pisada é assim porque é isso que eu gosto de fazer e não tem gravadora ou selo ou dinheiro que vá me comprar. Esse é o som que gosto de fazer e eu vejo que tem espaço e público!”.

Maciel não poupou elogios em relação ao Mercado Cultural. Na sua opinião, é uma grande qualidade o fato do evento prezar pela diversidade das atrações. “É um festival diferente. Vi meu grande mestre de Cavalo Marinho aqui, Mariano Telo, como também posso assistir ao show da Nação Zumbi que já é mais rock. Eu, por exemplo, nunca tinha visto um samba de roda ao vivo, quando vi, fiquei de boca aberta”, conta. É um evento que celebra a diversidade. É uma vitrine, tem muitos produtores e, além de tudo, é muito bem estruturado e organizado”.

O músico se sente feliz por ter sido selecionado entre tantos outros artistas e finaliza a conversa reforçando o “Ubuntu”: “É bom pra gente estar aqui e, assim, é bom pra Pernambuco”.

palestra "Ubuntu" por Valdina Pinto/dez 05

Tradução de humanidade


“Só existe uma raça: a do ser humano. O ser humano tem uma ancestralidade comum”, disse a makota do Terreiro Tanuri Junsara, Valdina Pinto, que foi homenageada neste VI Mercado Cultural, como um dos Mestres da Cultura Popular. Personalidade referência do candomblé no bairro da Federação, Valdina traduziu em conferência neste sábado (10/12), na UCSAL (Universidade Católica do Salvador), a temática do evento, Ubuntu: Eu sou porque você existe. Ela é a responsável pela definição do tema e fez uma reflexão sensível da humanidade em todos os sentidos, além de ressaltar o importante papel das expressões culturais no desenvolvimento do mundo. “Mesmo com toda a pluralidade existente, no fundo, tudo está amarradinho para formar um todo”, explicou. “Sou do candomblé, sou uma religiosa. Quando ganho um espaço como este aqui no Mercado, tenho que dar o meu recado”, chamou a atenção.

Valdina questionou a função humanizadora das artes e falou da necessidade de nos completarmos a partir do próximo. “Você tem sempre algo para receber do outro que possa lhe completar. É ele que, às vezes, nos permite enxergar nossas potencialidades”. Disse também que a riqueza e a pobreza são conceitos relativos, que dependem da visão de mundo de cada um. “Ter sem ser, é riqueza?”, perguntou ela para si e para as pessoas presentes no auditório. “A arte está servindo para o quê? Para ter ou para ser? Como a gente vai interagir com o outro, tendo e não sendo?”, refletiu mais uma vez.

As grandes catástrofes atuais, como um sinal de fim do mundo, foi outra questão que Valdina falou de forma desconcertante. “Precisamos de mais humanidade para viver bem e com dignidade”, alertou ela, ao final da palestra. Com os olhos cheios de lágrimas, a coordenadora de uma das unidades do Sesc no Crato (Ceará), Thailyta Feitosa, disse: “Ela me tocou muito com suas palavras porque chamou a atenção para as nossas responsabilidades ancestrais”.

música-Linsey Pollak/dez 05

Com uma performance minimalista e lúdica, o duo “Dva” conquistou o público do Teatro Acbeu na noite do dia 09/12. Dva é uma palavra macedônica que significa “dois” e expressa o prazer de duas pessoas tocarem juntas, no caso, o designer de instrumentos de sopro Linsey Pollak e o percussionista Tunji Beier. Em entrevista ao Jornal A Tarde , Linsey explicou que sua música é universal, divertida e tem o intuito de tocar o coração das pessoas.

O show promoveu uma atmosfera intrigante. De um lado a rusticidade dos objetos sonoros inventados por Pollak - que, em alguns momentos, soavam como um baixo -, do outro, a tradição dos toques percussivos de Tunji unidos a um tipo de canto com palavras que não significavam nada (tradição indiana chamada de sílaba rítmica), e inserções de samples ao vivo. Tudo isso permeado por improvisações cheias de propriedade. A conexão musical entre os artistas era visivelmente forte. Ambos combinam influências da Índia, da África e do leste europeu. Linsey é um australiano que faz seus próprios instrumentos de sopro há 30 anos. Os materiais que usa são, quase sempre, alternativos e podem ser tanto uma cenoura como uma luva. Também é diretor musical e compositor, já tendo gravado 22 discos. Tunji é um exímio percussionista que se aproveitou da vida nômade vivenciada com seu pai para aprender diferentes tipos de “batuques” da Nigéria, sul da Índia, Nova Guiné e Austrália.

mercado nos bairros-Liberdade/09.12.05

"O mais belo dos belos" bairros de Salvador ganha destaque no
VI Mercado cultural"

O bairro da Liberdade é o mais negro e populoso de Salvador. Entrar nele nos traz a sensação de estar chegando a uma outra cidade. Ontem (09/12), o local foi destaque na programação Mercado nos bairros . Personalidades como o escritor Luis Fernando Veríssimo, o jornalista e também escritor Zuenir Ventura e a secretária municipal de educação e cultura do município, Olívia Santana, foram alguns dos presentes.

“A gente ensaiou muito para fazer bonito aqui hoje”, disse a porta - estandarte do Terno de Reis Estrela do Oriente, Viviane Ferreira, de 16 anos. Segundo a fundadora do Terno, Dona Josefina Gomes, de 88 anos, o intuito dessa expressão é louvar o nascimento do menino Jesus e “levar alegria para o público de todas as idades”. Apesar de toda a fama que o bloco carnavalesco Ilê Ayiê trouxe para Liberdade, ainda “existe uma dificuldade em sermos notados”, denunciou o artista plástico Robério Marcos. Ele falou também que é providencial a existência de mais eventos que ajudem a resgatar o valor artístico dos bairros de Salvador.
As atividades foram bem diversas. Desfile infantil de moda afro, roda de capoeira, distribuição de caruru e até um pouco de música erudita, com o Workshop de arranjo e composição da Itiberê Orquestra Família, movimentaram o dia. O jovem poeta Jemes Martins, 25 anos, declarou ser fã de Egberto Gismonti e agradeceu ao microfone a possibilidade de vivenciar o som de uma Orquestra. “Uma vez montei uma rádio aqui nesse mesmo espaço do colégio para tocar músicas diferentes, mas escutar ao vivo é uma experiência importante para nós”, disse com alegria.

A visita ao bairro ainda rendeu uma volta pelo Corredor Cultural da Liberdade. A famosa ladeira do Curuzu, o restaurante Wajeum de Mainha - que serve uma autêntica feijoada africana, o terreiro de Dona Hilda (Ilê Axé Jitolu), a sede do Ilê Aiyê e o belo terreiro de pai Aílton foram alguns pontos do percurso. “Eu consegui entender porque o baiano tem tanta dignidade e orgulho da sua cultura. Esse lugar é uma força de resistência das manifestações culturais negras”, observou Zuenir.



música-Lucía Pulido/08.12.05

Passado e presente, tradição e modernidade encontraram uma boa representação e conexão na voz da colombiana Lucía Pulido, sob a direção musical do compositor e guitarrista argentino Fernando Tarrés. O show aconteceu na noite de quinta-feira (08/12), no Teatro Castro Alves.

Lucía mostrou a afinada erudição de seu canto - que por vezes parecia um sussurro indígena, outras, um lamento de lavadeira. Tarrés e o grupo La Raza foram competentes no improviso jazzístico contemporâneo. Vale destacar o momento emocionado em que Lucía interpretou à capela. Os percussionistas do Quinteto Puerto Candelaria e da banda Curupira fizeram uma amistosa participação especial.

O repertório foi composto por músicas tradicionais e ancestrais da Colômbia e Argentina. Além do inevitável Piazzola, artistas brasileiros como Gismonti e Villa Lobos foram citados como influência. Ritmos africanos e elementos da música clássica européia também estavam presentes na atmosfera musical desses latinos que se apresentaram com paixão e lirismo.


palestra "Experiência em Festivais Internacionais"/08.12.05

Experiências em festivais internacionais, abordando sua função na promoção e distribuição das artes. Esse foi o tema da mesa redonda que atraiu um bom número de artistas e produtores ao Salão Atlântico do Hotel da Bahia, quinta, 08/12.

Além do curador musical do Mercado Cultural, Benjamim Taubkin, estavam presentes à mesa nomes importantes do circuito de produção cultural do mundo, como o australiano Anthony Steel, Patrick de Groote (Bélgica), e Dubi Lenz (Israel).

“Eu queria dar os parabéns a este evento, que é visto lá fora como uma força importante na busca da diversidade cultural”, disse Anthony Steel ao começar a palestra. Ele explicou que a Austrália também está na luta contra o imperialismo da cultura norte-americana. Já o secretário e criador do Fórum Europeu de Festivais de Música do Mundo e organizador de importantes festivais, Patrick de Groote, descreveu algumas das suas realizações, como o Sfinks, Festival de música realizado na Antuérpia. “Patrick é um profundo conhecedor da música no mundo e usa sua criatividade para renovar os eventos pelos quais é responsável”, explicou Benjamin. O curador ressaltou a importância de iniciativas na área da cultura que não se utilizem necessariamente de patrocínios institucionais. Segundo ele, a criatividade cultural deve ir além do artístico. “Eu tenho a impressão que daqui a um tempo a gente vai sonhar com o oferecimento de alguma marca”, provocou. Foi um importante recado para aqueles que estavam atrás apenas do “mapa da mina”. A sensação que ficou foi que palestras como essa reforçam a intenção do evento em construir diálogos e alternativas no mundo da cultura.

música-Vó Maria/07.12.05

Foi com a graciosidade de uma sambista de 94 anos que se iniciou a programação do VI Mercado Cultural nas praças do Pelourinho. Dona Maria das Dores Santos, a Vó Maria, viúva de Donga, compositor de "Pelo Telefone" (primeiro samba gravado), fez uma comovente apresentação ontem na Praça Pedro Arcanjo. “É uma representação de resistência cultural uma senhora desta idade estar a esta hora da noite cantando samba com todo esse amor”, observou João Mello, de 30 anos.

Acompanhada por violão e pandeiro, seu canto foi um convite ao público para escutar clássicos do samba, como “Jura” (Sinhô), “Com que Roupa?” (Noel Rosa), a memorável “Pelo Telefone”, entre outras. Essa foi a primeira apresentação de Vó Maria em Salvador, que declarou com doçura: "A vovó está emocionada de tocar neste evento aqui no Pelourinho".

Vó Maria é quase uma entidade que suscitou com a sua presença uma simbólica reverência ao ritmo do samba. Mesmo com a inevitável dispersão dos shows em espaços abertos, ela conseguiu mostrar com encanto o trabalho de seu primeiro e único cd, “Maxixe não é Samba”. O disco foi gravado em 2003, quando ela estava com 92 anos de idade. Além da “vovó” interpretar com propriedade composições de Pixinguinha, Wilson Moreira, Nei Lopes e Heitor dos Prazeres, ela contou com participações especiais de gente do quilate de Nelson Sargento, Beth Carvalho, Martinho da Vila e todos os netos da sambista - que a acompanhavam fazendo o coro.

música-Escurinho/07.12.05

A presença de palco do cantor, compositor e percussionista Escurinho é de fato uma “malocage”. Nome do seu segundo disco, a palavra é uma gíria paraibana usada, entre outras coisas, para qualificar uma situação espontaneamente doida. Pode ser entendida também como uma derivação do termo maloqueiro - outra forma peculiar dos nordestinos daquelas bandas chamarem as pessoas “menos normais”. “Não precisa de cerimônia para me ouvir cantar...”, dizia uma das letras deste artista vigoroso que pôde ser conferida ontem à noite na Praça Pedro Arcanjo, Pelourinho, dentro da programação do VI Mercado Cultural.

Escurinho é um artista maloqueiro por excelência que mistura de forma despretensiosa uma grande dose de rusticidade - fruto da convivência com as manifestações populares do interior da Paraíba, como cantadores de viola, forrozeiros, emboladores e as tradições afro-indígena -, com certa influência do peso do rock and roll e uma sutil preocupação social nas composições. “Um pouco de swingue, para os sem tempero; um pouco de conforto, para os sem terra...”, descreve a letra “Oratória”. Vale destacar na banda de Escurinho a presença do grande guitarrista paraibano Alex Madureira, que já tocou com nomes como Lenine e quase todos os artistas conhecidos da terra.

O show Malocage é instigante e de personalidade. “Não é que a proposta seja tão original, mas comparado a outros artistas com essa intenção de misturar referências, ele tem um melhor acabamento musical”, opinou o jornalista Oscar Rocha, do Correio do Estado do Mato Grosso.

Era notável a satisfação de Escurinho com o ritmo de sua apresentação. “Salvador é massa! Que ‘malocage’ boa danada! Eu tava batendo o pino de ansiedade por causa desse show, mas está sendo lindo!”, disse. Nesse momento uma ciranda rock se formava na plateia para confirmar a empolgação da noite.


música-Quinteto Puerto Candelário/07.12.05

Nem foi preciso escutar declarações da platéia para ter certeza de sua aprovação ao Quinteto Puerto Candelária. No término da primeira música, palmas entusiasmadas davam o tom do que seria o show.

“É um grupo que tem profunda ligação com a sua cultura local e ao mesmo tempo é sofisticado. A Colômbia possui, no momento, uma das músicas mais ricas da América Latina”, explicou o curador musical do Mercado, Benjamim Taubkin.

Quebras sonoras instigantes, momentos intimistas bem colocados e desafinações propositadas fizeram parte da apresentação. Por vezes, percussão e bateria furiosas e até um baixo tocado com baqueta conduziam a musicalidade que fez muitos remexerem ontem (7/12), nas cadeiras do Teatro Acbeu. Liderado pelo jovem pianista e maestro em composição, Juan Diego “Juancho”, o Quinteto Puerto Candelária dá forma a um novo conceito de jazz. Algo latinamente envolvente, suas músicas expressam todo um conhecimento e gosto pelos ritmos e melodias colombianos, além da incorporação de elementos tradicionais e atuais do jazz.

Com carinha de bons moços e uma rebeldia vigorosa, o grupo se expressou como uma grande força sonora e ritmada vinda da Colômbia. “Juancho”, o pianista, soube estabelecer uma boa interação com o público: “Quem tem mais ritmo? O Brasil ou a Colômbia?”, e aí se sucedeu um duelo entre palmas e percussão. Aos momentos finais do show, ele anuncia, “Estamos contentes de estar aqui porque é um sonho que se tornou realidade. Achamos que a música do Nordeste se parece muito com a da Colômbia”, e, a contragosto de todos, conclui a apresentação.


artista plástico Bel Borba/06.12.05


Um dos mais populares artistas plásticos baianos, Bel Borba, ganha sua primeira mostra individual no VI Mercado Cultural, com exposições no jardim suspenso e no foyer do Teatro Castro Alves. “Eu estava com o coraçãozinho apertado por ainda não ter participado como expositor”, disse entusiasmado. As telas foram preparadas especialmente para o evento, a convite das curadoras de artes visuais, Rose Lima e Matilde Matos. Mas nem por isso estão, necessariamente, ligadas ao tema do Mercado, Ubuntu - Eu sou porque você existe . Os trabalhos são, sobretudo, inspirados na contextualização do homem no terceiro milênio. “Esta temática Ubuntu, para mim, já é uma condição inerente ao artista. O meu interesse sempre é o público. É através dele que sinto a legitimação de minha arte”, explica. As pinturas visam a expressar tanto as manipulações e joguetes da globalização quanto o indivíduo sendo esmagado por ela.

Na opinião de Bel Borba, o foyer é um lugar especial para realização de exposições, uma vez que proporciona a convergência das artes e das pessoas. Apesar de seus mosaicos e esculturas já terem se popularizado em pontos estratégicos da cidade, ele considera “bacana pegar carona no público dos espetáculos”.

O artista, que trabalha com diversas técnicas e temas, considera o seu trabalho popular porque contém uma dose saudável de subjetividade. “Eu gosto de estar ao alcance das pessoas e da compreensão delas”, ressalta ele. Por fim, Bel destaca a importância do Mercado Cultural em ceder espaço aos novos talentos, em promover uma “animação cultural” e em aproximar artistas e produtores.

“Eu tenho algo muito forte com Salvador. É para a cidade que eu direciono minha produção, que não deixa de ter uma grande exposição, uma vez que por aqui passam pessoas de todo o mundo!”



espetáculo corporal-Maureen Fleming/05.12.05


Um público extasiado ovacionou nesta noite de pré-estréia do VI Mercado Cultural a apresentação “Decay of the Angel”, da coreógrafa e dançarina norte-americana Maureen Fleming. A sensação era de que os movimentos minimalistas inspirados no Butoh - dança japonesa que mistura elementos do teatro tradicional japonês e da mímica, pretendiam induzir o espectador a um estado intimista e contemplativo. “Ela deixa espaço para cada um enxergar o que está dentro da gente”, definiu a jornalista e bailarina Luzia Pamponet, de 26 anos. Como disse o jornal francês L´Echo : prazer, dor, êxtase e amor não estão presentes como emoções e sim como estados do corpo vivo, vibrante e pulsante.

Dividido em duas partes, cada uma com três atos, o espetáculo é uma criação multimídia. A concepção cênica e a iluminação são Christopher Odo, as imagens e projeções, do diretor de fotografia Louis Greenfield e a música, do renomado compositor Philip Glass.

Fleming trouxe ao Teatro Castro Alves imagens universais que representam uma verdadeira jornada da alma. Foi demandada ao público uma imersão quase meditativa. Os mais atentos puderam, inclusive, identificar nuanças simbólicas dos seus contorcionismos, como a representação do símbolo do infinito. “É igual a olhar para as nuvens, cada hora a gente enxerga uma coisa diferente”, resumiu Luzia.

Meus textinhos institucionais sobre o VI Mercado Cultural...

POST de 26/01/06

Puxa! Foi uma felicidade para mim trabalhar pela terceira vez no Mercado Cultural, evento tão dignamente alternativo na escolha das atrações! Fiz cobertura institucional para o site www.mercadocultural.org, que foi alimentado pela assessoria do mesmo. Um ótimo laboratório quem esta na reta final do curso de jornalismo, como eu!


Vou blogar aqui os meus textos por ordem: de 5 a 11 de Dezembro de 2005.