A presença de palco do cantor, compositor e percussionista Escurinho é de fato uma “malocage”. Nome do seu segundo disco, a palavra é uma gíria paraibana usada, entre outras coisas, para qualificar uma situação espontaneamente doida. Pode ser entendida também como uma derivação do termo maloqueiro - outra forma peculiar dos nordestinos daquelas bandas chamarem as pessoas “menos normais”. “Não precisa de cerimônia para me ouvir cantar...”, dizia uma das letras deste artista vigoroso que pôde ser conferida ontem à noite na Praça Pedro Arcanjo, Pelourinho, dentro da programação do VI Mercado Cultural.
Escurinho é um artista maloqueiro por excelência que mistura de forma despretensiosa uma grande dose de rusticidade - fruto da convivência com as manifestações populares do interior da Paraíba, como cantadores de viola, forrozeiros, emboladores e as tradições afro-indígena -, com certa influência do peso do rock and roll e uma sutil preocupação social nas composições. “Um pouco de swingue, para os sem tempero; um pouco de conforto, para os sem terra...”, descreve a letra “Oratória”. Vale destacar na banda de Escurinho a presença do grande guitarrista paraibano Alex Madureira, que já tocou com nomes como Lenine e quase todos os artistas conhecidos da terra.
O show Malocage é instigante e de personalidade. “Não é que a proposta seja tão original, mas comparado a outros artistas com essa intenção de misturar referências, ele tem um melhor acabamento musical”, opinou o jornalista Oscar Rocha, do Correio do Estado do Mato Grosso.
Era notável a satisfação de Escurinho com o ritmo de sua apresentação. “Salvador é massa! Que ‘malocage’ boa danada! Eu tava batendo o pino de ansiedade por causa desse show, mas está sendo lindo!”, disse. Nesse momento uma ciranda rock se formava na plateia para confirmar a empolgação da noite.
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