quarta-feira, 3 de junho de 2009

"Sentido à Distância"


Acho que Sil, quando escreveu e enviou por e-mail o texto abaixo, estava sentindo à distância algumas das questões e o momento delicado que venho passando aqui em casa a quase duas semanas...


Sexta-feira (ou.. Meu chapéu vermelho em Paris)


O tempo é a distância de 2 mundos.

Mas é também a distância entre 2 corações.

A gente podia ser o idílio, o paraíso fantástico, mas preferiu ser a distância interminável de 2 mundos. Construções diferentes, aspirações, contextos.

E de que vale o amor?! Porra nenhuma!

Quem chegou primeiro? Quem estava primeiro na fila? Esse leva.

O outro é o presente, o agora, o sorriso, a afirmação, o dia em festa, a noite que promete. Mas chegou depois.. vai pra casa e pensa ou não.

Eu sei que a gente não pode ser só juramento ou querer. Eu sei que não posso ser este furor de palavras. Mas se você quer saber, eu sei que você esteve comigo, sem entender, sem saber, absurda constatação. Você almoça, janta e suporta as obrigações, o cotidiano, o que está programado dia após dia, mesmo que ninguém fale ou revele. Eu sei porque também sou assim.

Eu, muito de vez em quando, sei o quanto imaginária é a realidade. E permito que o que vejo, feito alucinação, seja a vontade.

Às vezes se casa a poesia e o perdão. Você só irá se perdoar se nunca mais olhar para outra possibilidade. A vida, uma só, aos 28 anos, te conclama, hipocritamente, a seguir o rebanho. Você desconfia que não, mas segue. Não há cinto de segurança nessa coisa torpe que é o amor. Meu deus, como é seguro beber com a namorada, o barzinho de sempre, os amigos, a conversa boa e banal. Voltar pra casa, trepar com o mesmo gosto, dormir, e saber que é aceito e onde passou a noite.

Mas de manhã, sem querer, piscou o olho, e lá estava outra coisa, irritante, ácida, inteligente, cômica, escorregadia, difícil, inexplicável.

Você volta a piscar e está de volta, seguro e neutro, como o detergente amarelo do supermercado. Mas o, e se, a minha sombra, o teu segredo.

2 comentários:

  1. engraçado como a gente toca quando só queria ser tocado..

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  2. 'anônimo' foi a única forma que eu consegui de comentar, querida.. é a sua Sil.. hehe.. bjs,

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